Uma análise do conceito de escrevivência (Evaristo, 2020) presente na performance da rapper pernambucana Bione, inspirado na ideia de performance cultural de Taylor (2013). Através de uma abordagem que inclui produções audiovisuais, relatos de show e entrevistas, o foco recai sobre o último álbum de Bione, “Ego”, lançado em novembro de 2022.
Para sustentar a construção argumentativa, utilizo os estudos de Patricia Hill Collins (2019) sobre imagens de controle, assim como conceitos de feminismo negro (Gonzalez, 2020; Hooks, 2010) e as discussões sobre o rap trazidas por Vieira da Silva (2017). O objetivo é debater as múltiplas facetas da escrevivência, explorando como a narração das experiências de pessoas negras, especialmente mulheres negras, tem sido um meio de reivindicação de discursos baseados no amor e no afeto.
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A análise de Bione, tanto como artista quanto narradora de suas vivências, revela as inúmeras maneiras pelas quais a escrevivência é utilizada para desconstruir estereótipos e afirmar uma identidade baseada na resistência e no afeto.
O artigo foi publicado no COMUSICA, em Outubro de 2023, na sua sétima edição.