No cenário atual da cultura digital, escutar música envolve muito mais do que simples apreciação sonora – trata-se de um processo profundamente conectado à tecnologia e à conectividade. Os sistemas de consumo de música e audiovisual hoje coletam dados e rastros de navegação dos usuários, permitindo que as preferências musicais sejam mapeadas e analisadas. Esse novo ecossistema tecnológico redefine os modos de produção, circulação e consumo de música, criando novos agenciamentos entre a arte, a tecnologia e as relações sociais.
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Um dos principais protagonistas dessa transformação são os sistemas de recomendação, que se tornaram ferramentas essenciais para direcionar as escolhas de consumo cultural. Plataformas como Spotify e YouTube, por exemplo, utilizam algoritmos sofisticados para sugerir músicas e vídeos baseados em padrões de navegação, criando uma experiência personalizada para cada usuário. Nesse contexto, as categorizações musicais desempenham um papel fundamental, organizando o vasto universo musical e facilitando o acesso ao conteúdo.
Entretanto, essa nova lógica levanta uma questão provocadora: quem classifica a classificação? Se as classificações moldam nossas escolhas e até nossa identidade musical, quem decide como essas categorias são formadas? Mais do que nunca, a frase “a classificação classifica o classificador” faz sentido, indicando que as preferências dos usuários são, de certa forma, moldadas pelas próprias plataformas que fornecem o conteúdo. Essa reflexão nos leva a questionar os impactos dessa dinâmica no modo como nos relacionamos com a música e com a cultura digital como um todo.
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