No Nordeste, onde prevalece um discurso conservador e heteronormativo sobre masculinidades, artistas como Daniel Peixoto e Johnny Hooker desafiam essas normas em suas produções musicais e videoclipes. A dissertação de João André Alcantara analisa como esses cantores utilizam figurinos, maquiagem e gestos para construir masculinidades dissidentes, rompendo com o “tipo nordestino” idealizado descrito por Albuquerque Jr. (2014) e, em momentos, com as normatividades do “ser masculino”.

Amparado por estudos de gênero, como os de Judith Butler e Guacira Lopes Louro, e estudos de música e gêneros musicais, a pesquisa conecta essas performances às dinâmicas da música popular massiva e às pré-inscrições dos gêneros musicais. Por exemplo, no videoclipe de Eu Vou Me Transformar (Johnny Hooker), a estética exuberante e o tom dramático tensionam referências locais e cosmopolitas, enquanto Daniel Peixoto, em trabalhos como Massa, utiliza a eletrônica e o experimentalismo para questionar estereótipos regionais.
A dissertação também considera como o formato do videoclipe, no contexto pós-MTV, se tornou uma plataforma para performances que transcendem o palco, permitindo aos artistas dialogar com questões globais e regionais. Ao aplicar o conceito de contextualização radical (Grossberg, 2010), o estudo revela que essas (des)construções masculinas na música popular massiva são narrativas que fundem música, identidade e resistência cultural.
O trabalho de João André Alcantara deu idéia ao seu livro em parceria com o seu orientador, Jeder Janotti Jr
Você encontra o trabalho de João André Alcantara no repositório da UFPE, clicando AQUI.